Terror é talvez o gênero que mais produz no Cinema. Compreensível, já que existe uma base muito fiel de fãs, dos mais aos menos exigentes. De onde será que sai tanta inspiração para essas histórias? Roteiristas ao redor do mundo se esforçam para tirar leite de pedra, mas, curiosamente, a criatividade de alguns precisa se voltar mais para a realidade em algum momento. Parece estranho, mas acontece.
Obviamente, um filme de terror pode, sim, ser baseado em fatos, mas tomará muitas liberdades em cima disso. Confira até onde vai essa liberdade com a nossa lista a seguir, trazendo filmes com premissas assustadoras que partiram de algum evento ou situação real. Fica a seu critério julgar quais deles foram longe demais e apelaram, mas lembre-se que a função principal deles é entreter. Assustando, é claro.
O serial killer Ed Gein atuou entre as décadas de 1940 e 50. Um dos mais famosos da história forense, tinha o hábito de fazer troféus com partes do corpo de suas vítimas, além de um relacionamento doentio com sua mãe desequilibrada. O cinema deu mais fama a Gein, já que ele inspirou o livro que depois seria adaptado com muito sucesso por Hitchcock, criando o assassino Norman Bates que ficou no imaginário cinéfilo mundial.
Ainda sobre Gein, essa figura real é tão bizarra que também inspirou outro assassino do Cinema. Leatherface, o maníaco com máscara de pele humana, também deve a ele sua criação, em outro grande sucesso, alavancando a carreira do diretor Tobe Hooper. A partir desse filme, virou um clichê a turma de adolescentes desavisados que acaba nas mãos de um louco sádico por puro azar. Obra-prima, independente das continuações e remakes.
William Peter Blatty estava na faculdade, quando um caso supostamente real de possessão demoníaca foi noticiado. Católico, ele ficou tão impressionado com a história que resolveu escrever um livro, sobre uma menina – era um menino na notícia – possuída por uma entidade maligna e a luta de um padre exorcista para livrá-la. O livro não fez tanto sucesso, mas chamou atenção a ponto dele mesmo ser escalado para escrever o roteiro para o filme.
Texarkana, no Texas, foi palco de uma série de assassinatos durante a década de 1940. Em um período curto, oito pessoas foram atacadas e cinco morreram, eventos que ficaram conhecidos como “Texarkana Moonlight Murders”. O filme apostou em um formato mais documental, se apresentando como reconstituição fiel dos fatos e apresentando elementos que depois seriam clichês do subgênero “slasher”, como um assassino mascarado.
O livro de Jay Anson, The Amityville Horror, saiu em 1977, inspirado por eventos reais de um imóvel em Long Island, onde um rapaz assassinou a família, alegando que ouvia vozes. Tempos depois, outra família desistiu de viver ali, alegando ser mal-assombrada. O sucesso do livro levou essa história ao Cinema, mostrando um casal na incômoda situação de lidar com manifestações sobrenaturais sem sua nova casa.
Eis aqui um caso que nada tem de sobrenatural ou lida com serial killers, mas nem por isso é menos assustador. Um casal acaba no mar à deriva, sem sequer um bote, após o barco de seu grupo de mergulho partir sem se dar conta deles. A sensação de abandono, a vastidão do oceano e o medo de tubarões é o bastante para dar a tônica desta narrativa, que fica mais apavorante quando lembramos que alguém passou realmente por isso.
Um dos filmes mais famosos de Wes Craven, que afirmou ter se baseado em Sawney Bean, patriarca de um clã escocês adepto à prática do canibalismo na Idade Média. Esse fato, mais as pessoas que desapareceram na estrada próxima à sua residência, deram a inspiração. Ele trouxe a história para a contemporaneidade, com uma família de gente deformada que rapta, mata e devora pessoas de passagem por uma região desértica.
No fim da década de 1970, dois irmãos gêmeos ginecologistas, viciados em barbitúricos, foram encontrados mortos no apartamento que dividiam. Material que serviu para um livro, depois adaptado por David Cronenberg de maneira brilhante, construindo um relacionamento bizarro entre os irmãos que marca os espectadores pela estranheza que causa. Grande atuação de Jeremy Irons, um excelente roteiro e uma direção primorosa.
Uma mulher alemã na década de 1950, sofrendo convulsões e que dizia ver demônios, foi diagnosticada como epilepsia e psicose. A família católica acreditava que ela estava possuída, solicitando um exorcismo. A mulher acabou morrendo e tanto a família quanto o sacerdote foram processados por negligência. O filme trouxe essa premissa para o século XXI, mostrando uma advogada escalada para defender um padre nesta situação de réu.
Calma. Freddy Krueger nunca existiu, mas sua criação deriva de um estranho caso real. Wes Craven, ele de novo, partiu de um artigo que falava de uma família refugiada nos EUA, fugindo da ditadura no Camboja. O filho do casal tinha distúrbios de sono tão graves que dizia ter medo de adormecer, tanto que acabou mesmo morrendo durante o sono, de forma inexplicável. Tal horror foi o bastante para o diretor criar seu psicopata onírico.
Olha o Craven de novo aqui. Desta vez, lidando com um roteiro inspirado em um livro de não-ficção do antropólogo Wade Davis, cujo estudo enfoca as drogas do Haiti que são capazes de causar um estado de profunda letargia, transformando as pessoas em verdadeiros zumbis. Portanto, não espere ver cadáveres apodrecidos voltando à vida, o que significa que o título brasileiro é bastante oportunista e mentiroso.
Sucesso recente, gerando até mesmo uma franquia. Baseado nas alegadas aventuras do casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, personagens principais dos filmes, vai da crença de cada um acreditar que isso tem algum fundo de verdade. Independente disso, é um bom filme de Terror, investindo no conceito de casa mal-assombrada e gerando até mesmo spin-offs.
Wes Craven novamente para fechar a lista, ao lado do roteirista Kevin Williamson, que se inspirou do Estripador de Gainesville, serial killer da Flórida em atividade no fim dos anos 1980. Sua motivação era tornar-se uma estrela na galeria de assassinos em série. A partir desse evento, Pânico renovou o subgênero “slasher” e se permitiu até metalinguagem, tornando-se um sucesso inesperado e agradando a maioria dos fãs de Terror.
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